No dia nove de fevereiro, pelas vinte e uma horas, na Junta de
Freguesia de Pechão, teve lugar uma tertúlia literária “poetas a sul do século
XXI – ano 13”, organizada pelo poeta, escritor e editor Fernando Esteves Pinto e por mim, com o apoio
da Editora Quatro Águas.
Estiveram presentes os poetas Miguel
Godinho, Vítor Cardeira, Fernando Esteves Pinto, Reinaldo Barros, Manuel
Madeira, Pedro Afonso, João Bentes e Tiago Nené.
Escrevi a propósito (e mantenho):
“O século XXI pode ser (e será) de rutura a muitos níveis.
Talvez os poetas sejam os herdeiros do futuro ainda a ser, porque semeiam num
campo muito para além do tempo físico. O Sul, estando abaixo, ou por baixo, é
uma raiz que, apesar de todas as vicissitudes, permanece. Poderá acordar e ser
(ou nunca ser). Talvez esse sul seja mais universal e vasto, logo, mais
profundo, que o frio norte, racionalista e consumista, pai e mãe de todas as
crises. Para lá do mar, do céu, do sonho, há todo um novo mundo a que só
vagamente aportamos pelo ideal. O resto, economias e finanças, são a ilusão e a
cegueira com que disfarçamos a nossa incompetência de viver a liberdade.”
Artes e Mercados
“Para os mercados é aceitável a inutilidade de toda a Arte
que não produz riqueza.
O colapso civilizacional justifica a eugenia de todos
os fardos sociais.
O estímulo à concorrência abole os direitos sociais, as leis
igualitárias, suprime os sindicatos e a liberdade, impondo regimes
escravocratas.
A eficácia gestionária dos rácios de produção erradica todos os
fatores humanos que bloqueiam os sistemas, como a compaixão, a piedade, a
solidariedade, o afeto, a emoção e o sentimento.
Em todos os continentes se
cantará, em breve, o mais extraordinário de todos os poemas, exaltando, à
saciedade, as soberbas virtudes da todo-poderosa cleptocracia.”
De facto a cleptocracia instala-se com o despudor das ditaduras.
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