terça-feira, 4 de agosto de 2009

RELIGIOSA DEMOCRACIA

O ritual eleitoral vive do simbolismo democrático.
Há os sacerdotes da Democracia, como os há de outras respeitáveis religiões.
Aqui também há os grandes sacerdotes, os sapientissimos sumos democratas opinativos, fósseis primevos que recordam às criancinhas de hoje as obscuras idades do mundo primitivo. São como as térmitas discretas que se enquistaram no altar de todas as loas, comendo, minando, chupando o viço à madeira, até que derroque o estuque e se desfaça a folhinha dourada dos anjinhos imaculados.
Entretanto, quais intermediários entre Deus e os homens, prometem o paraíso a troco de mais penitência. E a multidão caminha vergada à chibata redentora do salvador da pátria num cativeiro ilimitado.
Como a santidade aparente de quem julga é vício manifesto em praça pública, de pouco serve a pregação moralizadora à multidão descrente.
Assim se perde a fé na Democracia, coisa de homens de pouca fé.