terça-feira, 9 de julho de 2013

Os pequenos milagres da vida

Reinaldo Barros, Túnel de Cores, Julho de 2013

A criança aceita o desafio de explorar o mundo com todas as suas sensações e percepções.
A novidade estimula todos os seus sentidos e o cérebro é invadido por ondas contínuas de informação.
 
Porque é naturalmente curiosa, experimentar é descobrir, criar ciência, deslumbrar-se.
Aos poucos forma-se a consciência de si, do outro, da vida, do universo.
A memória amplia as dimensões do espaço e do tempo: voa-se ao cosmos dos grandes ideais.
 
Com essa capacidade inata, em cada um de nós repousa a chave da felicidade.
 
Mais tarde, a educação cultiva o medo que cerceia a imaginação e a criatividade.
A sociedade condiciona, a chicote, a liberdade às regras do mercado.
E todo o pensamento é trabalhado para se retrair nas angústias depressivas de um sistema social, laboral, económico e cultural que não responde aos anseios profundos da alma.
 
Deixamos de viver o mais importante de todos os momentos que é o "agora".
Definha-se em nostalgia num passado que nunca mais será ou na ilusão de um futuro que poderá nunca ser.
Morre-se por dentro que é a mais bizarra de todas as mortes, porque em cada um de nós germina o anseio da eternidade que não se compadece com a mentira coletiva que todos os dias se reformula nas subtilezas da corrupção.
 
Quem souber conservar esse estado interior da infância, saberá encontrar a beleza e a maravilha em todos os pequenos milagres da vida. E é nessas pequenas maravilhas diárias que se frui a vida e se é feliz.
 
Tudo é breve. Tudo passa. Permanece o essencial. Só o amor é eterno.

Reinaldo Barros, Julho de 2013

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